domingo, 1 de julho de 2012

Com baixa audiência, diretor de 'Rebelde' avalia os rumos da trama


Ivan Zettel odeia uma câmera apontada em sua direção. Segundo ele, seu lugar sempre foi atrás delas: analisando enquadramentos, dirigindo atores. Há oito anos na TV Record, o diretor de Rebelde enfrenta a baixa audiência da trama teen, que patina com média de cinco pontos no ibope, ameaçada por Carrossel, do SBT, que atinge dois dígitos desde a sua estréia, a pouco mais de um mês.
Cria da Globo, Ivan Zettel estreou na emissora há 25 anos, em Vale Tudo, como assistente de direção. Anos depois, foi para a extinta TV Manchete para trabalhar com Walter Avancini em Mandacaru, onde estreou como diretor. De volta à Globo, voltou a trabalhar com Avancini em O Cravo e a Rosa.

Há quase dois anos à frente de Rebelde, de Margareth Boury, Zettel avalia a trajetória da trama que mescla teledramaturgia com a realidade de três shows semanais dos protagonistas para mais de 15 mil pessoas Brasil afora. "Na minha profissão, a inquietude é necessária. O mais importante é fazer boas parcerias e ter consistência na direção do ator, que é a matéria-prima mais importante de uma novela", avalia.

TV Press - Que avaliação você faz sobre as mudanças da primeira para a segunda temporada de Rebelde?
Ivan Zettel - A direção artística continua a mesma. A empresa e a equipe sabem que têm um produto de grande qualidade de imagem e técnica. Resolvemos determinadas equações, mas o que de fato mudou foi a história. A Margareth (Boury) trouxe novos personagens. Tentamos brincar nas histórias paralelas e aumentamos o que já era combinado, que era o peso deles cantando. Incorporamos isso na segunda fase. Hoje os protagonistas na trama têm uma carreira musical. Fazem shows que hoje estão na novela e quem cuida disso é a Record Entretenimento. Os seis protagonistas trabalham sete dias por semana porque são duas empresas. Eles gravam a novela de segunda a quinta e fazem shows de sexta a domingo.

TV Press - Como estão os planos para a terceira temporada do folhetim?
Ivan - Estamos pensando em um dia após o outro. Não temos bola de cristal. É claro que pensamos em uma terceira temporada, em que a gente poderia fazer, mas ela só vai existir se a gente estiver trabalhando direito hoje. Estamos muito focados e centrados em ter uma equipe afiada no dia a dia, para manter a pegada e a qualidade. A trama está dinâmica.

TV Press - "Rebelde" poderia virar uma espécie de Malhação, com diversas temporadas?
Ivan - Temos uma diferença grande. Malhação é uma escola. Entra ano e sai ano, você tem uma estrutura de dramaturgia preparada para mudanças a cada temporada. Em Rebelde, montamos uma novela com seis protagonistas, que são atores e cantores bonitos que fazem shows. Estamos em cima dos seis. Mas acho que pode tudo. É só a empresa decidir que a gente vai fazer. Nada que não possa ser revertido. Mas são produtos com estruturas dramatúrgicas bem diferentes.


TV Press - Com a estreia de Carrossel, a audiência do SBT foi para uma média de 13 pontos e Rebelde está com 5 de média. O que isso influencia no seu trabalho e que medidas estão sendo tomadas?
Ivan - Temos um projeto de qualidade artística. Existe uma preocupação constante da Record em São Paulo, que lida diretamente com os números, independentemente de Carrossel. Nós estamos mais preocupados em fazer um trabalho de qualidade. Rebelde é um produto que já tem em torno de 340 capítulos. Não dá para comparar com Carrossel, que está há poucas semanas no ar. Eles estão no início e nós estamos há quase dois anos no ar. No RecNov, não tem nenhum terror com isso. Ainda está cedo para falar o que isso representa. As mudanças estão muito menos ligadas ao produto e muito mais ligadas à estratégia da Record em relação à grade de programação.

TV Press - Você começou sua carreira como assistente de direção em Vale Tudo", na TV Globo, há 24 anos. Como se tornou diretor?
Ivan - Fiz faculdade de Jornalismo e o que mais me encantava era televisão e fotografia. Pintou uma oportunidade para ir para a Globo, dei a maior sorte porque caí no núcleo do (diretor) Dennis Carvalho. Eu era auxiliar de produção e ele perguntou o que eu queria da vida. Disse que queria ser diretor, que era o que mais me encantava. Com o Dennis aprendi a trabalhar o ator e adorei. Começar a carreira ao lado do Dennis e em uma novela do Gilberto Braga foi como ganhar na Mega Sena. O Dennis me ensinou tudo que eu sei. Toda minha base em tevê veio dessa convivência. Participava das reuniões de criação, das estruturas de dramaturgia e da estética da novela. Foram aulas incríveis. Aprendi ali que a gente tem de montar a melhor equipe porque nunca o trabalho é de um só na TV. O Paulo Ubiratan me dizia que o único lugar em que o sucesso chega antes do trabalho é no dicionário.

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